Ferrugens no Portal

Ferrugens no Portal - Poema Áudio Visual de @manayDeo


Envelhecer em paz tem sido uma guerra. Contra gerações, contra os desmandos da governabilidade vigente - que tomam previdências de nós, contra os ideias de beleza que forçam o "ser belo" através do corte do filtro fio da faca de plásticas celebridades homogêneas, iguais.

Diversidade é para quem luta por igualdade, resiste a opressão de rígidas regras sociais para viver com a diferença. NÃO se deixe vencer a mera ativismo de mercado.

É creep o som da velhice chegando para os sentidos líquidos de quem se perde no emaranhado ruído do AlgoRítimo de redes (anti)sociais.

Ritos e rituais são importantes para preservar nossa coletiva memória viva de humanidade e, assim, não nos deixar cair na tentação do esvaziamento da vida cotidiana com simples pinçar de polegares opositores que se juntam a dedos indicadores em BlackMirros do que é ou não hype.

Por que algumas coisas, simplesmente não podem ser?

Apenas ser:

Ser criança, ser jovem, ser adulto, ser velho. Drummondianamente Apenas ser, sem se esqueSer.

O tempo da aposentadoria não se encaixa na máquina de moer gente que tem se tornado o mundo. Somos mesmos a orgânica potencia de possibilidade criadora e criativa de afetos, de relações, de negócios, de vida? Reverbere essa questão.

Bem da realidade, material e histórica, sempre foi assim. É que cada agravo de sua época, traz consigo uma nova e moderna capacidade de distorção de um velho problema que se disfarça de novo.

Onde vamos colocar os idosos?

Chegaremos a ser também esse futuro problema da sociedade? Seremos um asilo a céu aberto, sem cuidado e afeto que os velhos de hoje merecem ser tratados?

Nos reduzimos a planilhas comportamentais, a abecedários imperativos que vão de A, BabyBoomers, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, Milenials, Zenials.

Quem DeterMinará a geração vencedora? Somos determinados ou nós é que escolhemos ser essa determinação?

O peso da idade parece ter chegado mais cedo para os jovens de hoje. Como canta e diz a música, "a cada hora que passa envelhecemos dez semanas".

O tempo é relativo desse lado da realidade práxis. Ficar de idade, se tonar a pessoa do verbo intransitivo velho - transitivo envelhecer e, ainda assim, ser o mesmo, é difícil.

Ainda mais se colocarmos na conta a tesoura das mazelas sociais e estruturais: raça, sexo e CEP.


Ferrugens no Portal - Poema Áudio Visual de @manayDeo


Ser velho, no caos social, é plenamente evitável: basta morrer antes do tempo que se é considerado de velho, por causa de doença, violência, suicídio.

O que nos esperança uma velhice de sabedoria é olhar Africanamente para nossos idosos como ensinou mãe Stela de Oxóssi, "o velho é um herói, pois conseguiu vencer a morte que nos procura e ronda todos os dias".

Ser o senhor e senhora do sênior tempo, inspirando-se nas sabedorias dos que, heroicamente chegaram ao ápice de suas vidas carnais, antes de se tornarem espíritos e voltarem a terra, para serem os ancestrais ideais de nosso passado, fazendo valer no presente a preservação da vida agora e no futuro.

Mesmo para quem não acredita, deve saber a importância de venerarmos a imagem lembrança daqueles que se foram e que ainda fortalecem nossos laços com o que somos e podemos ser.

O portão de metal que somos se abre. Recebemos a visita de um mensageiro do infinito, que nos traz os relatos sobre o que nos aguarda o continuo processo de vida.

Faça valer o recado. Escute com atenção. A liberdade de envelhecer é uma dádiva coletiva. Lutemos para que todos vivam em paz com suas rugas sorridentes. É preciso tornar o "ser velho" também parte da preciosa felicidade.




Ferrugens no Portal


Gravuras oxidadas pelo tempo vento
nas marcas do meu rosto e corpo todo.

Esse é o efeito de ser e estar na realidade física
e metal física dessa vida que conhecemos.

Passado o primeiro milésimo de segundo
do começo da nossa viva presença aqui,
começa, então, o processo de rompimento de tintas sintéticas
e queratinas até o mais fino fio de cabelo que nem cresceu ainda.

Criação ou mero acidente estrelar,
somos seres que compomos
a estética da antiguidade que nos tornamos
desde que passamos a existir.

Sou e somos a tese viva de Heráclito de Éfeso;
o frágil aço humano, ainda que se fosse inoxidável,

O vil metal se dobra ao pesar do passar do ar em movimento artístico.
A ferro e fogo, o metal do meu metabolismo resiste.
Enquanto se choca contra as nuvens de minhas ideias e memórias.

A alma, que sempre se preparou para fazer a passagem,
enfim, irá alcançar o destino final inevitável.

Íons e nêutrons dançam.
São a ciência da arte ferrugem
de células que vejo contrastando
com a metal física da pós existência.
A cor ferrugem existe.
Pinta e borda o esmalte dos dentes,
faz a casa do ferreiro ser sua morada final,
onde os espetos, são sim de metal e enferrujam
feito efeito das rugas que começam a sorrir.

Resultado:

- ou se troca o portão encardido pela oxidação,
ou se enquadra para recordação da inédita pintura
da ação do tempo sobre o metal.

Crio a obra de resistência:

- reciclo-me como trilho do trem que agora é viga.
Arranco as cascas das carcomidas definições dos estereótipos de ferro,
e reajo como meu próprio prime,
convertendo ferrugem em experiência de vida,
fosfatando legítimos aprendizados que de deixarei por aqui.

É assim que me restauro.
É assim que me renovo,
para mim e para o mundo que ainda compartilho.

A ação do tempo vento é implacável,
por isso, deixarei calcado em ranhuras do meu de pedaço de metal flexível,

a história arqueológica da minha presença.
Se for procurar meus fragmentos espalhados pela terra,
saiba que você é também feito do mesmo
minério da vida que pertencemos.

Desgaste-se a vontade,
e deixe-se enferrujar em paz.


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Manay Deô
Manay Deô - O Poeta Publicitário

Sou #poeta, brinco com #palavras e invento #palavrários como #redator de #poesiapublicitaria e Soul #Heterônimo criativo e #artista:



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