Eu, ser robotizado
Sou eu ser de carne e osso que agora estou na frente destes montes de controles, comandos, alavancas e motores que por modos modernos me fizeram ser não tão orgânico?
Hoje a alma não tem mais graça e desta máquina troco a graxa, desta tela brilhante e plana vê-se as imagens do cotidiano de nossos momentos e planos, quem te ama e te odeia, os bichos da natureza e quem sabe futuramente até os sonhos.
Nestas teclas insinuantes perco horas a fio e os fios do meu cabelo perdem o brilho e se embranquecem; neste processo moderno o brinquedo velho se esquece.
Os produtos novos e voláteis que ao mundo pedem para entrar na roda para vestir, falar e usar a moda, que mesmo eu pagando e possuindo, não sei dizer se ela é minha ou se é ela que me tem, molda e monta.
E se dividem os que existem dos que não existem por quem tem ou não as tem- dize-se: se Ipod, Iposso.
Quero eu bicho do mato por essa evolução ser engolido, tragado?
Ser homem não homem, mas homem calculado?
Será esta uma necessidade constante ou inconstante e impossível de não se necessitar?
Nas palavras desfiguradas de imagens modificadas, línguas que não são minhas, num hightech que me confunde que a realidade escurece aço, ferro e pele e plástico tornam-se produtos fantásticos para poucos usar e muitos afastar.
Coisas falantes, brilhantes e pequenas; torno-me irrelevante a este crescimento desordenado que quanto mais cresce faz o abismo da miséria aumentar.
Este ser crescente que a nada mais sente tem as veias como cabos. Fios e cabos em que as notícias passam.
Cabeça artificial. Mãos eletrônicas sem vida. Falas computadorizadas se conectam umas com as outras. Seres sistematizados e eletrizados. E este ser pergunta atordoado sem ser:
- Será que posso desligá-los?
Já não sei se foi em quem os liguei ou se são eles que têm me desligado. Já sou eu não mais eu com os braços e pernas parafusados, os olhos como vidro, a boca e a língua são aço, a pele solta um calor ‘’inumano’’. Sonhos, ilusões, sentimentos e pensamentos metalizados.
O coração “Made in Human”.Quando desligo-me, logo o olhar vai para o espelho negro e não me reconhece como ser nascido e criado.
Já não sou tão ser “eu”, mas sim eu, ser robotizado.
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Sou #poeta, brinco com #palavras e invento #palavrários como #redator de #poesiapublicitaria e Soul #Heterônimo criativo e #artista:
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